O tenente‑coronel Mauro Cid, ex‑ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, será o primeiro dos oito réus a ser interrogado no Supremo Tribunal Federal (STF) por sua suposta participação na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito após as eleições de 2022.

Os depoimentos começam nesta segunda-feira (10) e seguem até sexta-feira (14).

Cid firmou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), no qual revelou detalhes de articulações dentro do Palácio do Planalto que incluíam planos para reverter o resultado das eleições, como decretos de estado de sítio, mobilização de militares e suposto financiamento ilegal.

Entre os pontos mais graves revelados está a entrega de dinheiro em espécie a um civil, a mando do general Braga Netto, além de reuniões com Bolsonaro onde estratégias golpistas teriam sido discutidas.

Bolsonaro será ouvido na quinta-feira

O ex-presidente Jair Bolsonaro é o sexto da lista de interrogatórios e deverá ser ouvido na quinta-feira (13). O STF deve manter o rito de depoimentos presenciais, com transmissão ao vivo pela TV Justiça. A exceção será o general Walter Braga Netto, que prestará depoimento por videoconferência, pois está preso preventivamente.

A ordem completa dos depoimentos será a seguinte:

  1. Mauro Cid – segunda-feira (10)
  2. Alexandre Ramagem – terça-feira (11)
  3. Almir Garnier – terça-feira (11)
  4. Anderson Torres – quarta-feira (12)
  5. Augusto Heleno – quarta-feira (12)
  6. Jair Bolsonaro – quinta-feira (13)
  7. Paulo Sérgio Nogueira – quinta-feira (13)
  8. Walter Braga Netto – sexta-feira (14), por videoconferência

Investigação e desdobramentos

A investigação conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes aponta que o grupo tentou articular a anulação das eleições e a manutenção de Bolsonaro no poder por meios ilegais. Os crimes apurados incluem tentativa de golpe de Estado, associação criminosa, incitação à desobediência institucional e uso da estrutura do Estado para fins antidemocráticos.

Os depoimentos servirão como base para as alegações finais da PGR e eventual julgamento da ação penal.