A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), um dos maiores ícones históricos de Rondônia, está prestes a reabrir suas portas ao público após cinco anos de reformas. No entanto, a grande dúvida que permanece é: o tradicional passeio de trem será retomado?

Após anos de abandono e reformas, complexo ferroviário reabre ao público, mas passeio turístico ainda depende de projetos e investimentos

PORTO VELHO (RO) – A lendária Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), um dos marcos mais importantes da história da Amazônia e símbolo da capital rondoniense, está próxima de ganhar vida novamente. Após um longo período de abandono e obras de revitalização, o complexo da ferrovia foi reaberto parcialmente ao público no dia 4 de maio de 2024. No entanto, uma das atrações mais esperadas – o tradicional passeio de trem – ainda não tem data para retornar.Reabertura parcial: museu e espaços públicos liberados

O complexo da EFMM ficou fechado desde 2019 para obras de restauração. Em maio deste ano, a Prefeitura de Porto Velho anunciou a reabertura dos espaços externos e do museu da ferrovia, que agora recebe visitantes de quarta a domingo. O espaço está sob gestão temporária da prefeitura, que se comprometeu com manutenção, segurança, energia elétrica e promoção de visitas públicas.

As reformas incluíram recuperação das praças, trilhos, estrutura das oficinas e revitalização de peças históricas, como locomotivas e vagões antigos, que fazem parte do acervo cultural e turístico do município. O objetivo é transformar a EFMM em um centro cultural ativo, com programação regular, exposições e eventos educativos.

E o trem? Ainda não há passeio, mas há planos

Apesar do entusiasmo com a reabertura, o passeio de trem — que durante anos encantou moradores e turistas ao oferecer uma volta simbólica pelos trilhos da história — ainda está fora de operação. Atualmente, não há circulação de locomotivas ou trens de passageiros no trecho urbano de Porto Velho, e os trilhos permanecem desativados.

Contudo, segundo fontes da prefeitura e de grupos ligados ao patrimônio histórico, existem planos para reativar trechos da ferrovia, principalmente com fins turísticos. Um dos projetos mais avançados é o que prevê a reativação de um trecho entre os municípios de Guajará-Mirim e Iata, financiado por compensações ambientais da Usina Hidrelétrica de Jirau.

Estudos de viabilidade estão em andamento e há discussões sobre a captação de recursos públicos e privados para restaurar locomotivas e colocar o passeio de volta nos trilhos, literalmente.

A EFMM: um patrimônio da Amazônia

Inaugurada em 1912, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré foi construída para facilitar o escoamento da borracha produzida no Acre e em regiões do Alto Madeira até o Atlântico. Com 366 km de extensão, foi considerada um feito de engenharia — e também um símbolo de sofrimento humano: estima-se que milhares de trabalhadores morreram durante sua construção, muitos vítimas de doenças tropicais.

A ferrovia foi desativada na década de 1970, mas se tornou patrimônio cultural brasileiro e um símbolo da identidade de Rondônia. Desde então, esforços públicos e privados tentam manter viva a memória da “Ferrovia do Diabo”, como ficou conhecida.

Expectativas da comunidade

Moradores e entidades culturais de Porto Velho mantêm viva a esperança de ver os trens voltando a rodar, nem que seja por curtos trechos. A volta do passeio não é apenas uma questão turística, mas também afetiva e histórica para a população local.

A prefeitura, por sua vez, afirma que o diálogo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) está avançado, e que o projeto completo da EFMM poderá incluir linhas operacionais turísticas no futuro, desde que haja investimentos suficientes.

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