O ex-presidente dos Estados Unidos e atual pré-candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, acusou nesta quinta-feira (30) a China de ter “violado totalmente” os termos do acordo comercial assinado com os Estados Unidos durante seu mandato.

Segundo Trump, o país asiático não cumpriu compromissos relacionados à compra de produtos americanos e à redução de barreiras tarifárias.
“A China não respeitou os termos do acordo que firmamos. Eles violaram totalmente o pacto. Nós fizemos nossa parte, mas eles não cumpriram suas obrigações”, afirmou Trump em evento de campanha na Carolina do Norte, reforçando seu tom crítico habitual contra Pequim.
O acordo citado por Trump se refere à “Fase 1” do Acordo Comercial EUA-China, assinado em janeiro de 2020, que previa, entre outros pontos, a compra adicional de US$ 200 bilhões em bens e serviços norte-americanos por parte da China ao longo de dois anos. Em troca, os Estados Unidos suspenderam parte das tarifas que haviam sido impostas durante a guerra comercial iniciada em 2018.
Dados apontam descumprimento parcial
Segundo análises de órgãos econômicos independentes, como o Peterson Institute for International Economics, a China comprou apenas cerca de 60% do volume acordado no período estipulado, em parte devido aos impactos da pandemia de Covid-19 e à desaceleração global do comércio.
Ainda assim, Trump critica o que chama de “fraude comercial deliberada” por parte do governo chinês. “Eles se beneficiaram enormemente do nosso mercado, enquanto sabotavam nossos produtores agrícolas e industriais. Se eu voltar à presidência, haverá consequências”, declarou.
China ainda não respondeu
O governo chinês, até o momento, não comentou as novas declarações de Trump. Durante a vigência do acordo, autoridades de Pequim alegaram dificuldades causadas por fatores externos, como o fechamento de portos e instabilidade cambial, além de afirmar que seguiram grande parte dos compromissos possíveis.
Implicações eleitorais e diplomáticas
Com a campanha presidencial americana ganhando força, Trump tem redobrado o tom nacionalista e protecionista, retomando temas de sua gestão anterior. O comércio com a China é central em sua retórica, especialmente junto a eleitores das regiões agrícolas e industriais dos EUA.
Especialistas em relações internacionais veem nas declarações uma tentativa de marcar posição diante da política externa mais moderada do presidente Joe Biden, que apesar de manter tarifas sobre produtos chineses, busca preservar uma relação diplomática mais estável com o gigante asiático.
“A fala de Trump é mais política do que diplomática. Mas ela certamente pode influenciar o tom do debate comercial nos próximos meses”, afirma Laura Dawson, analista do Atlantic Council.
Enquanto isso, o cenário internacional observa com atenção os desdobramentos, temendo uma possível nova escalada de tensões comerciais entre as duas maiores economias do planeta, caso Trump retorne ao poder em 2025.